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Hoje, no Público, escrevo sobre Baptista-Bastos e a sua irritante mania de se colocar no pináculo moral do jornalismo português. E quando se vai a ver...
Hoje, no Público, escrevo sobre a injustiça que é um estagiário de jornalismo não poder assinar os textos que escreve. Para ler aqui.
Ontem, no Público, escrevi sobre os despedimentos no DN, o jornal onde comecei a minha carreira. Para ler aqui.
O Actual (ou melhor, o Atual) deste fim-de-semana dedica a capa ao segundo volume do projecto Voz e Guitarra. O artigo está completo e bem elaborado, mas tem um daqueles defeitos que sempre me irritaram, muito antes de ser jornalista, quando era apenas um modesto leitor de jornais: escreve no dia 16 de Novembro maravilhas sobre um disco que só estará disponível a 25 de Novembro. Nove dias depois. Duas edições antes de ele efectivamente estar nas lojas.
Um leitor - como é o meu caso - que fique interessado em adquirir o objecto, seja numa loja, seja na net, vai ter de aguentar a sua curiosidade a um ponto tal que quando o disco sair provavelmente já não se vai lembrar que ele saía. Eu sei que os jornais fazem isto para se anteciparem à concorrência, porque acordam com as editoras serem os primeiros e, assim sendo, para se sentirem mais relevantes. Mas, na verdade, é daquelas coisas que serve mais para confortar o ego dos jornalistas do que para servir o seus leitores.
Só uma minúscula minoria de leitores lê mais do que um jornal, e estou convencido de que se está absolutamente nas tintas para quem dá primeiro a notícia do lançamento de um novo disco - o lançamento do Voz e Guitarra 2 não é propriamente o Watergate. Mas, pelo contrário, duvido que os leitores se estejam nas tintas - eu, pelo menos, não estou - para o facto de aquele disco sobre o qual ficaram super-interessados afinal só ir sair dali a duas semanas.
É por estas e por outras que tanta gente fica com a sensação de que os jornalistas escrevem, em primeiro lugar, para os seus pares e para as suas fontes. E assim se esquecem daquilo que é o interesse do seu público, em nome de uma concorrência que, nesta área específica da música e da cultura, ninguém vislumbra, a não ser eles próprios. A capa do Atual é um daqueles casos em que a fama de privilegiados ("olha o jornalista sortudo que escuta os discos com tanta antecipação") causa mais irritação do que admiração.
Esta era a capa do Correio da Manhã que hoje encontrei nas bancas. Quando o diário mais lido do país chega a este ponto, é porque os jornais estão ao nível da fast food e as empresas jornalística feitas em carne picada. E não vejam isto como indignação, por favor. É apenas um facto a que temos de nos habituar. Até porque as almôndegas estão a bom preço.