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Já se sabe que muita gente do mundo literato não é grande apreciadora de Miguel Sousa Tavares, por vezes até por razões injustas, mas ele às vezes facilita bastante a vida aos seus críticos. Veja-se o caso de uma resposta como esta, que encontrei numa entrevista sua à revista Somos Livros, do grupo Bertrand:
Permita-nos a indiscrição: que livros tem gostado de ler ultimamente?
Em tudo o resto, foi um Verão glorioso, mas, na leitura, foi um Verão desgraçado: não li nada que me enchesse as medidas e levei 12 livros de férias. Veio o Outono e continuei na mesma: livro começado, livro arrumado. Hoje mesmo, gastei uma hora numa livraria e saí de lá... com um caderno de apontamentos.
Ora bem, se em relação aos livros que levou para férias, e não sabendo nós quais são, podemos apenas supor que Miguel Sousa Tavares foi vítima de um grande azar ou de alguma falta de senso na hora de escolher, em relação à última frase sobre ter gasto "uma hora numa livraria" e o melhor que por lá encontrou ter sido "um caderno de apontamentos", das duas, uma: ou ele frequenta péssimas livrarias ou tem o gosto literário mais bizarro da história da leitura.
É que pode apontar-se muita coisa ao meio editorial português, mas as livrarias estão inundadas de livros para todos os gostos: de clássicos indiscutíveis (em novas edições e muitas vezes com novas traduções) até excelentes novidades, até porque pequenas editoras com um catálogo invejável continuam, felizmente, a existir. Há livros para todos - mas mesmo todos - os gostos.
Por isso, Miguel Sousa Tavares tem de ter mais cuidado com os seus tiques apocalípticos. O país está uma desgraça, sim, mas o que não falta nas livrarias, graças a Deus, são livros do caraças para nos consolar um pouco. Que ninguém nos queira tirar isso.